Certidão desaparecida trava inquérito a Melo
Certidão desaparecida trava inquérito a Melo
Alfredo Cunha
Fernando Melo escapou a inquérito por certidão ter desaparecido
José Vinha , Textos
Há um mistério em torno do paradeiro da referida certidão, mandada extrair de um recurso penal pelo Ministério Público. O recurso para o Tribunal da Relação do Porto foi interposto pelo anterior vice-presidente da Câmara de Valongo, Eduardo Madeira, que haveria de ser condenado por difamação a Fernando Melo.
O então número dois do autarca de Valongo levantou fortes suspeitas à gestão pública e fê-lo, inclusive, em reuniões de Câmara, em que chegou a exibir documentos manuscritos, subscritos alegadamente por Melo, em que são pedidos favores para determinados empreiteiros. Fernando Melo não gostou das acusações e interpôs uma acção judicial por difamação contra Madeira, em 9 de Março de 2001. A 21 de Março de 2002, cerca de um ano depois, foi deduzida a acusação contra o "vice" da Câmara de Valongo, e nos finais desse ano o Tribunal de Valongo condenou-o a pagar uma multa de mil euros e 3500 de indemnização.
Madureira recorreu da sentença para a Relação do Porto, mas os juízes desembargadores mantiveram a condenação, sob o voto vencido de um juiz. Porém, o recurso não se ficou por aqui. Um magistrado do Ministério Público encontrou no recurso matéria susceptível de averiguação criminal e mandou extrair uma certidão com vista ao inquérito criminal.
Responsabilidade criminal
Há cerca de três anos, em 3 de Março de 2003, deu entrada no Tribunal de Valongo a ordem do procurador-geral adjunto junto do Tribunal da Relação do Porto para que fossem extraídas as certidões de peças processuais para investigação, com o objectivo de apurar eventual responsabilidade criminal de Fernando Melo em negócios ou favores ligados à gestão pública da autarquia.
Como o processo baixou ao Tribunal de Valongo (1ª instância) para transcrição de depoimentos no julgamento, não foi possível a extracção de certidões. Preocupado, o procurador insistiu em 7 de Abril de 2003, pedindo que o Tribunal de Valongo extraísse as certidões necessárias para dar andamento ao inquérito.
Este tribunal respondeu e emitiu uma certidão avulsa (ofício 515528 de 11.04.2003), enviando-a para a 1ª Secção do Tribunal da Relação do Porto, conforme consta no processo. Como a certidão mandada extrair pelo Ministério Público (duas vezes) nunca terá chegado ao Tribunal da Relação do Porto, o inquérito nunca aconteceu. Os anos passaram-se e nunca mais houve inquérito, nem diligências, mas o paradeiro misterioso da certidão continuou a incomodar alguns magistrados. Entretanto, está a decorrer um julgamento cível em que Fernando Melo acusa jornalistas do JN e de outros jornais de terem "patrocinado" a causa de Madeira. Para apurar a a verdade, o juiz deste processo, cuja sentença será lida dentro de algum tempo, voltou à carga e pediu à Procuradoria-Geral Distrital do Porto informações sobre o andamento do inquérito, mas descobriu que, afinal, não há inquérito nenhum!
Em Dezembro do ano passado, foi a vez da Procuradoria-Geral Distrital do Porto pedir esclarecimentos ao DIAP, mas o Departamento de Investigação e Acção Penal do Porto respondeu, no passado dia 15 de Janeiro, que o destino da certidão extraída do recurso penal 1320/03 da 1ª Secção do Tribunal da Relação do Porto não existe em lado nenhum.
A responsável pelo DIAP informa que, contactada a 1ª secção do Tribunal da Relação do Porto, apurou-se que, apesar das diligências efectuadas, nunca foi possível localizá-la; por este departamento também "nunca deu entrada, nem foi registado, qualquer inquérito" para apurar dos factos daquela certidão. O DIAP alega que, a ser registada, seria pela comarca de Valongo. Porém, contactados os serviços de Valongo, não há registo de tal inquérito por aquela comarca. Ou seja, a certidão perdeu-se e, por isso, o inquérito não pode existir.
Como o processo baixou ao Tribunal de Valongo (1ª instância) para transcrição de depoimentos no julgamento, não foi possível a extracção de certidões. Preocupado, o procurador insistiu em 7 de Abril de 2003, pedindo que o Tribunal de Valongo extraísse as certidões necessárias para dar andamento ao inquérito.
Este tribunal respondeu e emitiu uma certidão avulsa (ofício 515528 de 11.04.2003), enviando-a para a 1ª Secção do Tribunal da Relação do Porto, conforme consta no processo. Como a certidão mandada extrair pelo Ministério Público (duas vezes) nunca terá chegado ao Tribunal da Relação do Porto, o inquérito nunca aconteceu. Os anos passaram-se e nunca mais houve inquérito, nem diligências, mas o paradeiro misterioso da certidão continuou a incomodar alguns magistrados. Entretanto, está a decorrer um julgamento cível em que Fernando Melo acusa jornalistas do JN e de outros jornais de terem "patrocinado" a causa de Madeira. Para apurar a a verdade, o juiz deste processo, cuja sentença será lida dentro de algum tempo, voltou à carga e pediu à Procuradoria-Geral Distrital do Porto informações sobre o andamento do inquérito, mas descobriu que, afinal, não há inquérito nenhum!
Em Dezembro do ano passado, foi a vez da Procuradoria-Geral Distrital do Porto pedir esclarecimentos ao DIAP, mas o Departamento de Investigação e Acção Penal do Porto respondeu, no passado dia 15 de Janeiro, que o destino da certidão extraída do recurso penal 1320/03 da 1ª Secção do Tribunal da Relação do Porto não existe em lado nenhum.
A responsável pelo DIAP informa que, contactada a 1ª secção do Tribunal da Relação do Porto, apurou-se que, apesar das diligências efectuadas, nunca foi possível localizá-la; por este departamento também "nunca deu entrada, nem foi registado, qualquer inquérito" para apurar dos factos daquela certidão. O DIAP alega que, a ser registada, seria pela comarca de Valongo. Porém, contactados os serviços de Valongo, não há registo de tal inquérito por aquela comarca. Ou seja, a certidão perdeu-se e, por isso, o inquérito não pode existir.
Processo em bolandas
Quando o JN requereu, ontem, ao juiz do Tribunal de Valongo a consulta do processo, que se encontra disponível, alguns funcionários judiciais não estranharam o pedido. Pela simples razão de que este processo tem sido ultimamente alvo de muita curiosidade e até de algumas histórias curiosas. Na memória está, por exemplo, o dia em que o Ministério Público junto do Tribunal de Valongo pediu a "confiança do processo", sendo autorizado pelo juiz, em 18 de Maio de 2004. O procurador de Valongo fez seguir o processo para a Procuradoria-Geral Distrital. O processo foi levantado e transportado de automóvel para o Procuradoria-Geral Distrital. O processo esteve no Porto até ao dia 24 de Maio do mesmo ano e regressou pelo mesmo método. "Foi um funcionário judicial que chegou aqui sozinho e entregou os vários volumes do processo", confirmaram funcionários ao JN.
Notícia Publicada no Jornal de Noticias
Terça-feira, 6 de Fevereiro de 2007
Notícia Publicada no Jornal de Noticias
Terça-feira, 6 de Fevereiro de 2007